Author: Fernanda Bastos

As pessoas vão voltar ao escritório? Sim!
Eles vão voltar para o mesmo escritório? Definitivamente não!

Embora o design do local de trabalho tenha mudado gradualmente nas últimas décadas, os últimos anos mudaram fundamentalmente nossas expectativas em relação aos escritórios.

Inovação
As organizações se concentram em inovação e disrupção. Reconhecemos que o mundo está mudando rapidamente e que essas mudanças geram respostas que não são fixas, mas prontas para serem ajustadas conforme necessário. É por isso que projetarmos espaços adaptáveis ​​para facilitar a experimentação, a prototipagem e o aprendizado no trabalho se tornou essencial. Oficinas e laboratórios estão substituindo as salas de conferência como locais onde as inovações nascem e as idéias tomam forma.

Espaços flexíveis
A força de trabalho de hoje é cada vez mais multitalentosa e os departamentos estão menos isolados do que costumavam ser. Agora e no futuro, trabalharemos com RH, TI e outras partes interessadas para considerar a natureza multifacetada da força de trabalho de uma organização e quais ferramentas são necessárias para apoiar suas ações. O reconhecimento da necessidade de vários locais de trabalho incentiva a dinâmica cruzada entre trabalho em equipe e individual.

Cultura
O design do local de trabalho concentra-se no envolvimento dos funcionários com a marca e a missão da sua organização. Um local de trabalho deve ser uma expressão da cultura de uma empresa, e seus valores devem ser claramente comunicados aos funcionários, clientes e parceiros. O trabalho futuro dará maior ênfase à criação de um senso de lugar que inspire, envolva e conduza experiências mais ricas.

Tecnologia e Engajamento
A forma como nos relacionamos com os escritórios muda a cada avanço da tecnologia, mesclando os limites de espaço, tempo e métodos colaborativos.
Locais de trabalho equipados com espaços de reunião híbridos, salas de gravação de podcast e estúdios de filmagem de conteúdo avançarão as missões de suas organizações mais rapidamente e atrairão mais funcionários para o escritório. 
Devemos nos antecipar às necessidades tecnológicas do local de trabalho, criando uma estrutura facilmente adaptável para acomodar a mais ampla gama de experiências futuras.


O futuro do trabalho para o qual estamos projetando não tem mais um objetivo fixo. 
Agora, teremos que projetar espaços que devem continuar a evoluir ao longo de sua vida útil. 
As possibilidades são infinitas!

O desafio de trazer as pessoas novamente para os escritórios – não passa mais somente por uma visão de viabilidade econômica, como pontuado aqui anteriormente.

Procedimentar o retorno ao trabalho deve começar a ser pensado afim de trazer acolhimento e segurança. 

Algumas sugestões:

 

Comunicação: regras claras sobre distanciamento pessoal, uso de máscaras, limites de pessoas em salas de reuniões, novas rotinas de limpeza. Desenvolver um programa de (re)integração específico para este momento pode ser fundamental.

 

Espaço Físico: retirada de todo o mobiliário que não esteja em uso,  adequação do layout visando o aumento de espaço entre as estações de trabalho, instalação de barreiras físicas – aonde o distanciamento não for possível, repensar os postos de trabalho não atribuídos,  verificar se manutenção periódica do sistema de ar condicionado está em dia, considerar a instalação de sistemas de purificação e desinfecção de ar, priorizar ventilação natural.

 

Uso do Espaço: montar escalas para o retorno ao trabalho (gradativo), reduzir ou restringir o uso de áreas compartilhadas, repensar a forma de disponibilizar refeições – evitando a exposição dos alimentos nos refeitórios.

 

Equipamentos:  evitar o compartilhamento de equipamentos, buscar a substituição de superfícies de alto uso (como balcões de recepção, bancadas e metais de banheiros, ferragens de portas) – por materiais antimicrobianos.

 

Limpeza: Criar rotinas mais criteriosas de assepsia do posto de trabalho e disponibilizar material individual para isso.

 

Segurança e Medicina do Trabalho: Revisar o PPRA e o PCMSO mapeando os riscos de contaminação e condutas a serem adotadas.

 

Queremos que esse momento passe rápido mas mais que isso – que nosso modo de viver após esta dura experiência nos torne mais humanos.  Entender que o medo faz parte da nossa natureza e criar ferramentas para minimizar os danos é obrigação dos nosso gestores.

Home Office, flexibilização das leis trabalhistas…por mais que as possibilidades estivessem aparecendo, adotar novas práticas nas rotinas de trabalho requer investimento no que diz respeito a implantação de ferramentas para gestão digital.


Neste momento de pandemia – a necessidade bateu na porta.


Passado o susto, nossos gestores já terão feito (na marra!) o gerenciamento de suas equipes remotamente, já terão economizado algum dinheiro em seus custos fixos (luz, água, internet, manutenção)… a confiança para a mudança estará em um outro patamar.


Nos anos 70, o conceito “Downsizing” apareceu nos EUA como uma tentativa de reestruturação das empresas – afim de diminuir gastos e desburocratizar processos administrativos – aumentando a sua eficiência e competitividade.


Por mais que o momento seja tenso e até apareçam questionamentos sobre o fim dos escritórios – como reportagem da ArchDaily desta semana – o processo de adaptação requer uma análise mais profunda quanto a necessidade de socialização e os impactos que o isolamento causa nos indivíduos.


Apostar no meio termo é sempre mais prudente. Reestruturar a operação de forma que possamos aproveitar o melhor dos mundos (flexibilidade x redução de custos x eficiência), pode ser fator fundamental para sobrevivência neste momento.


Desde a década de 50, as palavras Seiri, Seiton, Seiso, Seiktsu e Shitsuke (5Ss) – fazem parte da rotina das empresas na busca pela melhoria do ambiente de trabalho – do desempenho e da saúde dos colaboradores. Este foi somente o início da corrida pela eficiência.

 

Nos dias de hoje – os escritórios de alta performance buscam na arquitetura as métricas que justifiquem suas estruturas e seus custos. 

 

Entender que o melhor desempenho não está necessariamente dentro do ambiente de muitos metros quadrados – mas em uma estrutura mais enxuta que possibilite melhor aproveitamento – pode ser o ponto de maior impacto nos custos da operação.

 

Uma metodologia com base nas relações, nos fluxos, nos tempos de uso, nas projeções de crescimento – nos faz garantir o ideal dimensionamento, assim como o atendimento as exigências de bem estar e segurança dos usuários. 

 

Muitas vezes, com um baixo investimento – a empresa muda além do seu layout – a sua cultura, sua forma de fazer e traz um novo ganho para as pessoas que nela trabalham.  

 

É máximo com o mínimo.

Charles Flint com a IBM aos 61,  Roberto Marinho com a Globo aos 60, Ray Crock com o McDonalds aos 52, John Pemberton com a Coca-Cola aos 55, …

 

Nunca o mercado de trabalho esteve tão aberto para os Talentos +55. Inclusive este é o nome do novo programa de estágio da Unilever. 

 

As empresas acordam para este rico mercado consumidor – e consequentemente precisa de pessoas em suas equipes que converse, entenda e faça parte deste público.

 

Com a volta (ou permanência) destas pessoas nas empresas, precisamos estar atentos para a pluralidade de necessidades envolvidas – quando falamos de projetos de arquitetura corporativa.  Não podemos nos limitar a encontrar soluções como adequar a iluminação, a ergonomia ou o nivelamento do piso. Precisamos proporcionar ambientes que resgatem memórias afetivas, experiências e promovam a interação harmoniosa das gerações.  

 

Fazer com que cada pessoa no processo entenda e se identifique no ciclo “indivíduo – grupo – comunidade”, pode trazer um senso de pertencimento inspirador e ser a grande sacada dos nossos gestores. 

“Empresas fake. Ser cool virou moda. Ter um espaço com puf, dia de pet friendly, área de lazer – tá na moda. É como se esse ambiente credenciasse a empresa como (The best place to work). Balela. Enrolação. Fake news para rede social…. o que o colaborador quer é gestão de pessoas … e dinheiro no bolso”

 

Este é o trecho de um depoimento que está circulando nos últimos dias no Linkedin…e ganhou uma aderência grande de curtidas e compartilhamentos. 

 

Por mais que alguns conceitos como o atual “Wellness” (valorização do bem estar do indivíduo) estejam em alta, o que as empresas buscam antes de tudo é produtividade. Pessoas que resolvam, que tenham insights interessantes, sejam criativas e que potencializem suas qualidades. 

 

Estudos mostram que são de ambientes como áreas de descompressão, recreação, pontos de reuniões (mesas para encontro informal em circulações), cafés; que saem maior parte das decisões e iniciativas. O fato de mudar o estado corporal e mental é o segredo para que as conexões sejam feitas. 

 

Quanto ao puf… sim…ele tem o seu papel e não é divertir! 

Empresas aumentam e diminuem seus quadros a medida que a economia desenha novas perspectivas. O afrouxamento das leis trabalhistas criará um mundo de novas possibilidades não somente de contratação, mas também de uso dos espaços. Empresas que mantinham jornadas rígidas buscarão formas de otimizar seus recursos. 

 

Aliado a isso, a era do (co)mpartilhamento, (co)working, co(living) – vem colocando em xeque estruturas rígidas e hierárquicas.

 

Em recente estudo realizado pela HermanMiller em grandes empresas (Herman Miller Performance Environments), observou-se que a maior parte do tempo – espaços corporativos encontram-se completamente desocupados (60% do tempo – as estações de trabalho; 77%  do tempo – salas privativas e 50% do tempo – salas de reuniões) ou mal dimensionados (73% das salas de reuniões são utilizadas por 1-4 pessoas, sendo que somente 34% são projetadas para 1-4 pessoas).

 

Garantir um estudo adequado afim de evitar desperdícios, entendendo que as formas de trabalho (e contratação) vem mudando e apresentar soluções que além de inovadoras – sejam racionais para garantir a eficiência das operações – são os desafios que buscamos resolver.